domingo, 24 de abril de 2011

Sol!!!


A minha bisavó dizia, lágrimas com pão passageiras são. Se é bem verdade esta frase, também o é que hoje em dia as pessoas não precisam apenas do pão para serem felizes, logo as lágrimas nunca passam. Durante os anos em que eram os pais a vestir e calçar aqui a menina a minha escolha era muito simplificada. De inverno tinha umas galochas, umas botas ortopédicas pretas ou azuis escuras e uns sapatos castenhos. Depois havia 1 par de tênis para ir brincar e as sapatilhas da ginastica. A mãe tinha sempre uns sapatos de verniz ao estilo inglês guardados no armário para usar só nas festas e nos espectaculos a que ia assistir, se não era mais que certo que os estragava. Quando chegava a esta altura já eu andava a perguntar quando é que ia estrear sapatos de verão e a mãe dizia sempre que as meninas só podiam mostrar os pés depois do domingo de Páscoa. Então chegava este dia e tinha muita sorte. Os pais combinavam com a madrinha e decidiam quem oferecia o que. Tinha sempre direito ao primeiro vestido de primavera e ás primeiras sandálias abertas. O padrinho também oferecia roupa e eram umas caixas com conjuntos completos para o verão, mas depois ele morreu quando eu tinha 4 anos e o meu tio assumiu essa responsabilidade durante 6 anos acabando depois por falecer também. Lembro-me bem que ele achava essa história das roupas e sapatos completamente disparatada para uma criança tão pequena. Por isso... tenho a colecção de pierots de cera mais linda que possa existir. Umas semanas antes da Páscoa ele ia sempre a Madrid a uma loja muito especifica que só fazia bonecas de cera, para escolher mais uma para a minha colecção. Tenho muito boas recordações da Páscoa e dos almoços de Páscoa. Mas a verdade é que nos vamos adptando. Hoje os pais já não me vestem nem calçam e este ano resolvi dizer que não havia prendas para ninguém. Também não quero cabrito nem borrego no forno porque deixei de comer esses animais grandes e faz-me aflição. Já não há tio nem padrinho. A madrinha já não tem mãe nem pai, o irmão está longe. Por força das circunstâncias temos que criar uma nova familia, uma nova forma de estar. O almoço vai ser arroz de pato e toda a gente teve direito a trocar amendoas. A madrinha como é indisciplinada á parte das 10 prendas por mês que me oferece (todos os meses) resolveu comprar uns brincos da swarovsky para completar a colecção das estrelas do mar que estou a fazer. Como não conseguiu cumprir o acordo eu ea mummy juntamo-nos e oferecemos um fds de workshop de desenvolvimento pessoal (um daqueles chamados abre olhos) já para a primeira semana de maio, eu tb vou recarregar baterias e relembrar porque é que ainda não estou a aplicar tudo quanto já aprendi em mim e todos os dias. Porque a vida não tem mesmo que ser tão só e apenas os bens materiais, e parece-me que esta é uma boa altura por tudo quanto está a acontecer, para passarmos a valorizar outras coisas. Pois hoje vai ser mais um almoço de domingo a 4, o mais simples possivel e se o sol se mantiver e como a enxaqueca ontem não voltou, talvez vá até á costa passear, vêr as montras e as novidades dos vernizes (não comprar) e comer o primeiro gelado de verão na pope. Não basta para ser feliz? Ao que a minha bisavô dizia eu acrescento que depois do pão, apenas pão, uns raios de sol tornam tudo muito melhor :-)

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