segunda-feira, 7 de novembro de 2011

About Mr. Gatsby or about me

Já terminei de ler o livro O Grande Gatsby há mais de uma semana, já o emprestei (só porque o amei e gosto de partilhar as coisas que me fazem feliz) e já estou a ler O Processo, que era mais um dos que devia ter sido lido este verão, mas que ainda vai a tempo para ficar na memória dos livros de 2011.
O engraçado sobre os livros é que nos dão a conhecer e a sentir coisas, que pelo tempo limitado que por cá andamos e pela vida agitada que temos, não conseguimos vivênciar. E hoje este é um post feito num registo menos comum, mais intimista e até nostalgico, sobre uma descoberta que fiz ao ler este livro.
Deveria eu ter 24 anos quando conheci um homem bem diferente daqueles com que me havia cruzado até então. Tinha um brilho fatal, um brilho perturbante, foi com ele que entendi que o lado negro das pessoas pode ser tão atraente e magnético como o encanto branco da sua pureza. Também me poderia pôr aqui a dissertar aquela ideia que todos os meus amigos sabem que tenho, de que as pessoas de signo escorpião, como era o caso, têm um carisma e uma intensidade que nunca passa despercebida, pelo menos no meu radar. Mas vamos apenas pensar que ele era um homem atraente, com uma barba sempre impecavelmente aparada, um homem misterioso e inacessivel á maioria das pessoas. Comigo ele foi acessivel. Comigo ele conversava sobre as suas viagens, sobre os mundos distantes onde por vezes se encontrava, fora e dentro dele. O foi por eu ainda não ter o conhecimento e a experiência necessária que não entendi quando uma tarde ele deambulava sobre o seu mundo interior e deixou escapar um - Hoje sinto-me como o grande Gatsby. Eu sabia que era o personagem de um livro, sabia quem o tinha escrito, afinal tinha-o na estante desde sempre, faz parte da biblioteca da minha mãe, mas por ainda não ter lido a história do Gatsby, não entendi porque é que ele se sentia assim, porque me disse isso e o que pretendia de mim. Hoje sei. Desde essa idade que sempre me surpreendi por me relacionar com pessoas que ao resto do mundo são tão inacessiveis (literalmente) e dificeis de entender. No caso dos homens então não percebia porque procuravam a minha companhia e muitas vezes dei por mim sentada á mesa de um restaurante com um cenário digno de filme e olhar para a pessoa sentada á minha frente e perguntar a mim própria, porquê eu? Poderiam ter a mais bela das mulheres ali, a mais culta, mais inteligente, com um humor mil vezes melhor do que o meu, alguém que qualquer outro homem poderia cobiçar ( e se os homens adoram sentir a cobiça dos outros sobre "aquilo que eles pensam que possuem")... em vez disso ali estava eu, sem entender muito bem porquê, mas estava por inteiro... Até que na semana passada entendi tudo o que vivi e porque quem aparententemente tem tudo na vida tem tendência a procurar a minha companhia. Entendi porque é que naquela tarde aquele homem se sentia como o grande Gatsby. Era porque já sentia o sabor do sonho, já lhe corria nas veias aquela adrenalina que só quem sonha sabe como é. É isso que eu dou, o sonho, a capacidade de acreditar que é possivel ser de outra forma, que o futuro pode ser diferente. Poderia dizer isto com orgulho, afinal são poucas as pessoas que o conseguem fazer. Sonhar é necessário, sonhar acordado é essencial para nos mantermos vivos, mas a realização é fundamental. Dar a alguém o sonho de que tudo pode ser perfeito, de que encontramos um ser com quem a simbiose pode ser a ideal e o futuro extraordinário, é bonito, mas também insuficiente quando não passa de uma sensação, de um estado de alma temporário. Dar o sonho a alguém quando ele nunca se vai tornar realidade é simplesmente triste. Não é mil vezes melhor o amor vivido, mesmo quando não é perfeito (até porque nada é), do que aspirar a um amor ideal que nunca vai ser consumado?

2 comentários:

UmBlogueSobreLivros disse...

Ficas um dia afastada do trabalho e o teu cérebro já se começa a expandir... :p Já viste o mal que aquela empresa nos faz ?
Aproveita bem as mini-férias :)

ao virar da esquina disse...

Mini férias não amori, são 15 dias sem estar com essa gente tacanha.
Qd vou trabalhar coloco o meu cérebro e o meu coração em modo de suspensão...

Beijinhos
Su