sábado, 7 de maio de 2016

Crueldade contra animais

O assunto da semana passou pelos maus tratos feitos por um jovem de 19 anos ao seu cão bebé. O video circulou no youtube, houve indignação nas redes sociais e depois de várias queixas, a psp retirou o cão ao dono abusador. Todos respiraram de alivio, mas para mim esta história ainda agora começou. Pensei, qual teria sido a reacção dos pais ao saberem desta situação? Quem garante que depois do cão lhe ter sido retirado, este jovem não vá fazer mal a outros bichos? Esquecemos que a maioria dos psicopatas começam por maltratar animais durante a adolescência até evoluírem para a agressão a seres humanos? Quem vai seguir este mostrengo a partir daqui?


Aqui fica uma reportagem sobre este assunto pela olhar animal.

Ovídio já nos havia advertido há mil anos que “a crueldade contra animais ensina a crueldade contra humanos”, no entanto, parece que o tempo passou em vão. Cada vez mais temos notícias de animais queimados, cegados, enforcados, enterrados vivos, mutilados, e inclusive, pintados por diversão ou para passar o tédio. Estas torturas escodem algo mais profundo: o desejo, e às vezes a necessidade, de pessoas psicológico e socialmente fracas de mostrarem-se grandes, fortes e valentes.
Pessoas que desde muito cedo entendem seus próprios limites sociais, intelectuais ou culturais. Que, ao perseguirem uma criatura mais vulnerável, se sentem por um momento mais fortes, ou melhor, menos fracas. Identificar alguém mais suscetível e frágil é a maneira fácil de não se sentir o último dos últimos.
O problema quase sempre surge nos primeiros anos de vida. Cerca de 30% dos atos de violência contra animais é cometido por menores de idade, muitas vezes em grupo. Onde 94% são homens e 4% tem menos de 12 anos.
Os dados da crueldade contra animais
Pessoas com antecedentes de violência contra animais são cinco vezes mais propensas a cometer violência doméstica.
A normalidade dos abusos contra animais começa em casa
Cerca de 20% dos casos é cometido no entorno familiar.
A família é o lugar principal onde o ser humano cresce e aprende os comportamentos, as emoções, os sentimentos e os traços que forma a sua personalidade. Se dentro desse lugar é visto como normal abusar de outros, muito provavelmente esta atitude será assimilada pela criança.
Como explica a psicóloga Mireia Leal Molina: “As razões que levam uma criança a maltratar um animal podem ser diversas: falta de empatia, ter sido vítima de abusos, crueldade ou abandono; falta de uma educação adequada, dirigida a reconhecer o animal como ser vivo, ainda que diferente; ou, finalmente, a imitação dos gestos violentos praticados pelos pais contra ele ou contra o animal, inclusive, para punir a própria criança”.
A relação com o diferente tem um papel fundamental no desenvolvimento psicológico humano e a educação quanto aos animais é essencial para a formação dos conceitos de empatia, altruísmo e aceitação.
Da crueldade contra animais à crueldade contra pessoas
Muitos estudos têm demonstrado que pessoas capazes de cometer atos de crueldade contra animais são também capazes de cometer violência contra seres humanos, particularmente com o mais vulneráveis e mais submissos, incapazes de se defender.
Em 2002, os cientistas Gleyzer, Felthous e Holzer descobriram a partir de seus estudos, uma relação entre o transtorno da personalidade antissocial e os antecedentes de violência contra animais. Por isso, recomendaram que os psicólogos clínicos levem em conta - dado o estudo - frequência, motivações, tipos de animais maltratados e natureza dos abusos.
Em um grupo formado por 96 adultos que cometeram crimes, resultou que a metade havia praticado graves atos de violência contra animais. Não por acaso, o ex-agente do FBI Robert K. Ressler afirmou que “os assassinos desde muito jovens nunca aprenderam o quão mal é arrancar os olhos de um cão”.
Sujeitos com antecedentes de violência contra animais são cinco vezes mais propensos a cometer violência doméstica. Ainda, segundo estudos recentes, 36% dos assassinos em série vivenciou episódios de crueldade contra animais durante a infância. Um percentual que chega a 46% na adolescência.
Segundo a doutora Leal “nem todo indivíduo que tenha maltratado animais será agressivo com humanos. No entanto, quase todos os indivíduos que cometem crimes contra humanos participaram de episódios de crueldade contra animais na infância, portanto, este é um preditor dos transtornos futuros de conduta”.

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