sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Ser quem se é

Parece um titulo um bocado estranho, mas na realidade quantos de nós são simplesmente eles próprios e vivem bem com isso? Porque é que a maioria das pessoas apenas consegue definir quem é se disser aquilo que faz, aquilo que tem ou com quem se relaciona? E este tema surge em dia de crónica da maternidade, porque nesta nova busca de informação em blogs sobre maternidade e o que é ser mãe me deparei com a mesma situação - mulheres (poderiam ser homens, mas poucos escrevem sobre o assunto) que sentem que a vida lhes fugiu desde que o novo ser veio ao mundo.
Leio isto e ouço em muitos sítios - estou cansada, não dou conta do recado, deixei de ter tempo para mim, deixei de fazer o que gostava, deixei de ter vida própria. E o que é isto de deixar de ter vida própria? É que a parte do cansaço eu entendo. A parte da privação de sono, por ter um ser que depende inteiramente de si, principalmente quando as mães dão de mamar, eu também percebo. E aposto que vou sentir a mesma angustia quando chegar com o meu bebé a casa e pensar que não conheço nada daquele novo ser e se serei capaz de entender o que ele precisa e suprir as suas necessidades. Isto tudo a juntar ao facto de eu própria já não ter mãe, para me orientar e explicar como se tratam certas situações com o bebé. Ainda assim faz parte do "pacote" ser mãe, e vou fazer o meu melhor. Agora a parte de deixar de se fazer o que gosta ou de ter vida própria eu não entendo. Ou melhor só entendo se aplicar isto a pessoas que entendem que ter vida própria é postar uma série de fotos nos festivais de música, nos restaurantes da moda e das pessoas "virtualmente atraentes" com que se encontram. Se eu sou "eu" em toda a minha unidade e gosto de quem sou, como é que me posso perder de mim própria ou deixar de ser eu numa viagem ao Japão ou de camisa de noite vestida com um biberon na mão ás 5h da madrugada? Não é sempre a mesma Susana? E tudo isto não é vida?

E isso é mau?

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